fim de mundo com lan-house

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

E a Madonna nem morreu

É o nome de uma festa em comemoração aos 51 anos da moça que acontece esse sábado no Cine Betão, aqui em Fortaleza, mas poderia muito bem ser uma frase sobre a própria carreira de nossa polêmica unanime Rainha do Pop. Ora, se os tempos de reis e rainhas avassaladores de uma cultura de massa absolutista se foi, e ainda por cima o decapitado Micheal morreu, então, quem sobra? Pois é, Madonna não morreu. Ou morreu?

Sim e não, eis a resposta:



É mais do que clichê, mas não custa repetir o verdadeiro e óbvio: Madonna sobreviveu porque soube se reinventar. Não só musicalmente, mas como performer e como empresária também - alguém duvida que esse seja também um de seus grandes talentos? - como demonstra seu recente reposicionamento no mundo do entretenimentos ao investir em shows como nunca. E ainda em shows aparentemente menos pretensiosos, quer dizer, no sentido de uma certa atmosfera de celebração e brincadeira que há tempos vinha diminuindo em suas apresentações. Como Madonna não é nem nunca foi uma artista do improviso, eis que ele surge aqui roteirizado, mas ainda assim uma ótima sacada.

Em tempos de mp3s e dispersão dos usuários pelas novas mídias (quase ninguém fica mais parado diante da telinha esperando a MTV dizer do que devemos gostar), o ideal talvez seja realmente aproveitar o público que essa própria emissora formou e lucrar loucamente com shows e shows e mais shows.

E isso, talvez, a performance, além do negócio, talvez seja o que Madonna sempre soube mesmo fazer melhor. Outras podem ter mais energia, cantar melhor, serem mais bonitas, mais extravagantes, mais artísticas (Q?), mas Madonna indubitavelmente ainda é a maior performer. Difícil definir o que seja isso, mas basta olhar para a apresentação do VMA em que a cantora se apresenta com Britney e Christina para reparar que seus olhos muito provavelmente se alternarão somente entre Britney e Madonna, e que, apesar de na época já ter quase cinquentinha, cantar uma múscica flopada e estar bem mais vestida, Madonna ainda é a atração da noite.

Mas eis que chegamos em She's not me, que é a música do vídeo acima e o grande motivo - ou pretexto - deste post. Se Madonna ainda está viva, isso quer dizer que várias personas foram morrendo no meio do caminho. I know I can do it better, ela grita, enquanto acaricia os seios cônicos que lhe imortarizam no hall mnemístico da fama na performance mais interessante de sua Stick and Sweet tour, a qual esteve no Brasil e agora ganhou uma segunda parte, fato inédito na carreira da cantora - o que demonstra ainda mais essa vontade de se reiventar.

Como disse Marina Lima em artigo para um jornal que não lembro qual, a popstar não necessariamente tem feito o melhor, mas continua tentando descobrir novos caminhos. O disco Hard Candy, embora extremamente irregular, é justo um esforço nesse sentido, mesmo que estes caminhos passem pelo passado e tentem reencontrar uma Madonna ícone dos anos 80 no meio desse revival oitentista que tem super cara de contemporâneo. Não deu, mas teve seus altos ao reeditar uma certa despretensão da artista que é a cara daquela década, como no hit Give it 2 me, ou na deliciosa Candy Shop, no qual a artista subverte a lógica misógina e extremamente machista da canção homônima do rapper 50 cent.

Na versão de Madonna, a loja de doces não é uma referência fálica, mas uma espécie de jogo irônico com o arquétipo de um grande mãe que tem tudo a oferecer:

See which flavor you like
And I'll have it for you (...)
Don't pretend you're not hundry
There's plenty to eat
C'mon into my store
Cause my sugar is sweet

Com licença para viagens psicanarquétipicas(o blog é meu, dá licença), é possível pensar em uma afirmação de genorosidade, pois ela é "a Rainha", e tem de tudo para oferecer (estilos, atitudes, etc), ao mesmo tempo que essa habilidade de prover reafirma sua própria feminilidade. Como a introdução de She's not me, ''this is for the ladies", uma exibição de força feita de cima de um salto 15.

E as senhoritas no caso, poderiam ser Britney e afins, as quais são derivações madônicas que a própria canibaliza seja ritualmente como no VMA, ou a nível de linguagem, com a apropriação de produtores que levaram Britney ao topo, como Pharrel Williams, responsável por Toxic, mas também por Candy Shop, Give it 2 me e She's not me.

Apesar dessa mensagem mais ou menos subreptícia (adorei descobrir essa palavra e agora vou usá-la agora sempre que puder), a idéia principal está ali, no palco. As 4 dançarinas/estátuas fantasiadas de Madonnas de diversas épocas. Elas ficaram paradas no tempoo, estáticas, mas a Madonna verdadeira, que é sempre a de agora, permanece. Pra onde vai? Deus sabe. Mas Deus sabe também o quanto ela está tentando.

2 comentários:

Lara Vasconcelos disse...

Acho que é indiscutível que a 'loja de doces' da Madonna não faliu e nem parece que vai porque ela sabe colocar pimenta nas guloseimas dela.
Mas é indiscutível, também, que um mito antes de ter seu mérito por si só, tornou-se mito porque os outros o elegeram.

Mais interessante que a Madonna e suas grnades sacadas de fênmix, é a fidelidade dos fã que muitas vezes passa de geração pra geração com.




eu sou diabética, mas aprendi a repeitar a rainha. Ela se garante.

bruno reis disse...

Com certeza. Ela só seria deposta caso não desse mais baguetes adocicadas pro fãs. E, mesmo que elas vem em quando seja amargas, ela continua dando =]