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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Vagina Dentata, de Mitchell Lichtenstein



Bem mais sutil em seu original, Teeth, o título em português talvez revele bem mais do filme em questão em tudo que ele tem de obviedade. É verdade que o tema em questão, uma adolescente engajada na luta pela ''pureza'' e a castidade juvenil, acaba descobrindo possuir dentes bem ali onde você pode adivinhar pelo nome do filme. Uma ótima desculpa para um filme trash, ou mesmo gore, acaba dividido no filme de Lichtenstein entre uma paródia escrachada e um filme trash aparentemente levado a série.

Se a idéia de fazer uma sátira do neoconservadorismo que atingiu os EUA na última década, cujo símbolo máximo é o tal anel de castidade, utilizar esse mito presente em diversas culturas sobre uma mulher com dentes na vagina parece mais do apropriado para falar sobre esse pânico que envolve a sexualidade e todo seu poder aparentemente devastador sobre a sociedade. Apesar dessa ironia, Teeth acaba por sublinhar a cada momento suas intenções até o ponto em que não reste a mínima graça. Não há o que ''sacar'', nem o que ler nas entrelinhas, porque está tudo exposto lá, há todo momento, quais são as intenções do diretor, a psicologia dos personagens, etc.

Não que a paródia não possa se utilizar dessa exacerbação da obviedade tão presente nos filmes de terror adolescente, entre outros tantos gêneros, para ridicularizar não só a tal castidade como também o próprio gênero cinematográfico em questão. Com uma direção até certo ponto elegante, com o uso do silêncio e da pouca exacerbação das cenas, apesar de enquadramentos grotescos vez ou outra, o filme acaba não se decidindo a levar-se não a sério, dando continuidade à sua trama mesmo quando o final irônico já se anunciava, e dando seguimento a história como se estivessemos em um filme de terror comum.

Falando nisso, o filme tem um dos pôsteres mais bem-humorados que vi nos últimos tempos, que promete bem mais do que o filme no final nos mostra
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